domingo, 14 de dezembro de 2008

Boas Festas

Às nossas famílias, aos nossos amigos. Ao público que nos vê e nos faz querer continuar. Aos que amam o teatro.

Diário-Construção XIV

Sim, Armando, é verdade, chegámos ao fim. Um ano depois.

Não foi nada fácil o convívio contigo. Não por causa do teu mau feitio, dessa tua forma leve de encarares a vida. Não sabes como te invejo em determinados aspectos. Ou talvez saibas. Mas a convivência entre as pessoas está dependente de factores exteriores. E interiores. Há uma amiga que nos conhece que fala em fragilidades. E são elas que nos levam a determinados comportamentos. Nem sempre é fácil perceber quando é que o xadrez, esse jogo que tu tão bem conheces, melhor do que eu, é igual à vida ou um pouco como a vida. Ou não é de todo a vida. Se há momentos em que temos que nos unir a peças diferentes para mais facilmente podermos vencer os obstáculos e as jogadas numa confrontação de forças, outras há em que tudo depende só e só de nós. Para que te pudesse conhecer, para que pudéssemos jogar xadrez, beber numa espelunca poções (quase intragáveis), foi preciso que tivesse que pisar, de novo, aquelas tábuas. Nunca saberás como isso se tornou assustador, desta vez. Aterrador, diria mesmo. E ainda não percebi o motivo. Foi bom ter a voz reconfortante e tranquila de alguém que sempre ali esteve perto e que nos conhece. Muito bom mesmo. Eu e tu tivemos a oportunidade, noutros espaços, noutros locais, de conversar, de simplesmente… estar. Houve momentos em que se perdeu tempo. E o tempo é-me cada vez mais precioso. Talvez demasiado. Porque a felicidade, como tu um dia me disseste, pode passar diante de nós e nós não a aproveitamos. E depois pode já ser tarde. Contaste-me alguns dos teus segredos, às vezes ajudado pelas boas doses de poção mágica. Os cálices continuam a ser demasiadamente enchidos. Há aspectos em ti que nunca perceberei. Talvez tenha que ser mesmo assim. E há, também, uma tranquilidade infindável nisso.

Não sei o que irás fazer depois de descobrires a verdade do jogo de xadrez. E eu não poderei ver a tua reacção porque, entretanto, terás apanhado o comboio em direcção ao destino que sempre sonhaste. Não irás sozinho, decerto. E eu terei chegado tarde para vos ver partir. Mas sei que já terás uma solução. Talvez faça sentido (ou comece a fazer!) tantos rolos fotográficos, acabados de comprar, dentro daquela tua mochila, velha, gasta, cheia de nódoas e com um inconfundível cheiro a tabaco e aguardente. Vou ter saudades da tua também velha máquina fotográfica.

Sim, Armando, é verdade, chegámos ao fim. E quando lá chegares, vai aos locais onde estive e que tu tão bem conheces. E num trago de uma poção mágica recorda a magia deste espaço onde tudo aconteceu.
Paulo Martins

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Isto vai acontecer de novo!

Pois é! Quem perdeu o ensejo, no mês de Novembro, de assistir a uma das representações da peça "Isto Não Aconteceu", terá agora uma última oportunidade de se redimir: o Grupo de Teatro ExCena vai repor a peça nos próximos dias 12 e 13 de Dezembro (6ª feira e sábado), no mesmo local (Auditório de Alfornelos), às 21.30 horas.
Este aviso também se destina a todos aqueles que já viram a peça e têm vontade de a rever ou de a recomendar a amigos. Todos serão benvindos!
Não esqueçam: 6ª feira 12 e sábado 13 de Dezembro, às 21.30 horas, no Auditório de Alfornelos.
Será mesmo a última oportunidade, pelo menos nos tempos mais próximos!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Diário-Construção XIII

"Uma personagem, senhor, pode perguntar a um homem quem é. Porque uma personagem tem verdadeiramente uma vida sua, marcada por características suas. Por isso, ela será sempre alguém. Enquanto que um homem - não aludo ao senhor, agora - um homem, assim, em geral, pode não ser ninguém".
in Seis personagens à procura de um autor, Luigi Pirandelo
Paulo Martins

domingo, 23 de novembro de 2008

Diário-Construção XII

E é também por isto que gosto de teatro. Porque ao longo da vida vai-se perdendo a capacidade simples e inocente de brincar e, por pequenos períodos de tempo, demasiado pequenos, se volta a brincar ao faz de conta. E fazemos de conta que somos quem nunca poderíamos ser. E fazemos de conta que somos até o que somos. Porque nada é indissociável. E depois desses períodos de tempo, muito curtos, demasiadamente curtos, volta aquele vazio. E ainda que o seja, há uma plenitude, um sorriso. Foi-se feliz, fez-se alguém feliz.
Paulo Martins