segunda-feira, 15 de junho de 2009

Análise

“Em arte, o sentimento é que cria e não o cérebro”. Esta ideia parece-me particularmente interessante quando abordo o período de estudo da peça para a criação do papel. Desta vez resolvi fazer isso mesmo: analisei todas as cenas a partir dos sentimentos e emoções que captei na minha personagem (pelo menos aquelas que percebi nas primeiras impressões após a leitura). E escrevi cábulas num caderninho, para partilhar com o resto da equipa quando abordarmos as cenas em conjunto. Se todos os actores seguirem um processo semelhante, teremos uma panóplia de sentimentos para cruzar e pôr em comum quando começarmos a trabalhar a implantação das cenas.

Geralmente, nos nossos processos, preocupamo-nos em ter as cenas montadas o mais cedo possível, para «vermos a coisa a funcionar» e, com isso, ganharmos estímulo para avançar. Dou comigo a pensar que, desta vez, e dadas as características específicas do texto que estamos a trabalhar, talvez fosse boa ideia criarmos as cenas a partir do cruzamento de sentimentos das diferentes personagens, e só depois nos preocuparmos com as marcações, as movimentações, gestos, etc.. Ou melhor: o que quero dizer é que poderia resultar mais genuíno se essas marcações, essas movimentações e esses gestos resultassem da configuração exterior das emoções e dos sentimentos. Seria mais «stanislavskiano»... e talvez não fosse pior...

Paulo Vaz

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